Sim, guloso leitor, a culinária tem se mostrado, digamos assim, uma voraz interlocutora da caravana Rumos 2009 espalhada pelo variado cardápio de tão vasto país. E de mais longe ainda, como se Brasil pouco fosse bobagem. De Campo Grande (MS) ouvimos falar de um delicioso lámen, tradicional iguaria oriental a exalar seu colorido sabor lá do meio dos grandes campos do Brasil.
Faz sentido a mistura? Se faz. Pra começo de conversa, Campo Grande possui uma comunidade japonesa menor apenas que a de São Paulo. E não pára por aí: a comilança se deu na noite em que a artista nisei Letícia Sekito dividiu com o público a experiência de sua trilogia Disseram Que Eu Era Japonesa, Eu disse:, e O Japão Está Aqui?
Conforme conta Sonia Sobral, representante do Itaú Cultural na cidade, Letícia conversou “sobre a relação entre corpo e cultura, que adentra as possibilidades de reconstruir ou reinventar identidades transitórias no corpo”.
Além disso, e antes da artista, a professora Laís Guaraldo inaugurou o seminário com um pé no oriente. Mas desta vez era um provérbio, esfomeado leitor: não há bons ventos para quem está sem rumo. Nem para quem está sem Rumos, diria outro monge, este de espírito trocadilhesco. A partir daí, Guaraldo “abordou o processo criativo como lugar de incertezas, um movimento contínuo de ações cognitivas que incluem percepção apurada, repertório, associações, experimentações com linguagem, armazenamento de dados e conjunto de referências”.
Sonia também conta que boa parte do público de quase 50 pessoas era composta por bailarinas, e que sim, foi este atento auditório que após as apresentações conduziu a equipe ao manjar transcultural.
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E logo mais o Rumos inaugura o papo em Fortaleza (CE), às 20h, com a palestra Processos de Criação. Com a palavra, a crítica de arte e cultura e psicanalista Suely Rolnik, professora titular da PUC-SP e fundadora do Núcleo de Estudos da Subjetividade da pós-graduação em Psicologia Clínica. Confira a programação da sequência:
20/03, das 14h às 18h — Oficina Documentário para Web, com Joel Pizzini
O curador, pesquisador de novas linguagens e premiado autor de ensaios documentais Joel Pizzini dá uma lição prática sobre a forma do documentário para web. Pizzini é também professor da Faculdade de Artes do Paraná, e responsável pela restauração da obra do cineasta Glauber Rocha.
21/03, das 9h às 18h — Oficina Em busca do personagem: um olhar singular, com José Castello
Castello leva o bom papo e sua enorme experiência também para Fortaleza.
21/03, às 20h — Palestra O Real Imaginado: O Documentário de Criação, com Joel Pizzini
Pizzini leva a público uma reflexão sobre autores que reinventaram a memória histórica, política e poética, de Alberto Cavalcanti a Glauber.
Com o apoio da Fundação de Cultura, Esporte e Turismo de Fortaleza, a programação na cidade acontece na Vila das Artes
Rua 24 de Maio, 1221, esquina com a rua Meton de Alencar